Por Clara Menezes
“Eu preferi colocar ela em uma escola comum para não se
sentir rejeitada”, explica Siliane Holanda sobre a filha de três
anos, Liah Gabriela, com Síndrome de Down. O Jornalismo NIC conversou
com ela e uma psicóloga no Dia Internacional da Síndrome de
Down, celebrado todo 21 de março, que faz referência ao motivo da alteração
genética (trissomia do cromossomo 21). O dia tem como objetivo conscientizar as
pessoas acerca dos preconceitos vividos por pessoas portadoras dessa alteração
genética e da importância da luta pela igualdade de direitos
desses indivíduos.
A acessibilidade nas escolas ainda é baixa. Foto:
Reprodução.
O número de crianças e adolescentes com Síndrome de Down em
escolas de ensino regular vem aumentando gradativamente nos últimos
anos. Segundo o último Censo Escolar do INEP (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais), ligado ao Ministério da Educação, realizado em
2014, apenas 13% de crianças com deficiências, estavam matriculadas em
escolas “tradicionais”, em 1998. Esse número cresceu para 79%, em 2014. Tal
situação é relacionada, principalmente, à lei que entrou em
vigor em 2016, que obriga todas as escolas a receberem
crianças com qualquer tipo de deficiência, com penalidade de até cinco anos de
prisão se descumprida, prevista pelo Estatuto da Pessoa Com Deficiência.
Apesar do índice de crianças com deficiência terem aumentado
consideravelmente nas escolas de ensino regular, O Censo Escolar de 2014
constata que três em cada quatro escolas (75%) não possuem itens básicos
de acessibilidade, como rampas, corrimãos e sinalização. Ademais,
apenas em 2013 a Comissão de Educação aprovou a proposta que garante atendimentos
psicológicos em colégios públicas. No entanto, muitos profissionais da educação
e da psicologia, mesmo sendo extremamente necessário, ainda não são especializados em
atender crianças e adolescentes com deficiências físicas e mentais.
Segundo a psicóloga especializada em
crianças especiais, Priscila Peçanha, “a adaptação da criança com Síndrome de
Down na educação infantil não precisa existir, porque elas conseguem
acompanhar, mas com algumas limitações. Então, a escola não precisa
fazer muitas adaptações, mas dá trabalho. Para ocorrer a inclusão, os
professores precisam gostar, porém não são todos que gostam”.
“A escola não precisa fazer muitas adaptações, mas dá
trabalho. Para ocorrer a inclusão, os professores precisam gostar, porém não
são todos que gostam” (Priscila Peçanha)
No entanto, de acordo com uma pesquisa feita
pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), em 2009, de 18,5 mil
pessoas entrevistadas em 501 escolas de todo o Brasil, 96,5% dos indivíduos
possuem algum tipo de preconceito contra portadores de
necessidades especiais. Essa situação torna imprescindível o acompanhamento profissional
dos alunos portadores de quaisquer deficiências.
A escolha da melhor educação
No caso de crianças com síndrome de Down, por causa do atraso para
o desenvolvimento de coordenações motoras e mentais, diversas pessoas, como a
psicóloga Priscila Peçanha, acreditam que é melhor para os portadores dessa
condição genética, a partir da adolescência, serem colocadas especificamente
em escolasvoltadas para atender alunos com algum tipo de deficiência,
pois possuem um maior acompanhamento do desenvolvimento da criança e do
adolescente.
Além disso, escolas especializadas proporcionam um ambiente no
qual as crianças podem “conviver com pessoas iguais a ela para
entender que muitos indivíduos possuem as mesmas dificuldades”,
afirma Priscila Peçanha, apesar de muitos portadores de Síndrome de Down
serem capazes de passar pelo Ensino Médio comum.
A APAE proporciona eventos para a integração das pessoas com
deficiência.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)
funcionava até dezembro de 2014 como instituição de ensino, no entanto, devido
ao advento da Educação Inclusiva, a associaçãoagora tem como
objetivo integrar pessoas com deficiências na sociedade
respeitando as limitações de cada indivíduo. A APAEtornou-se um
Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), ou seja, as salas de
AEE ajudam crianças e adolescentes nas matérias que eles possuem dificuldade nas
escolas.
No entanto, muitas pessoas argumentam que as crianças com
Síndrome de Down possuem direitos como todos. Esse é o caso de
Siliane Holanda, mãe de Liah Gabriela, de três anos. Liah nasceu
com essa alteração genética e entrou esse ano no Colégio Castro Alves. A mãe,
apesar do medo do preconceito contra a filha acredita que
existe muita “hipocrisia”. Ela afirma que “ela [Liah Gabriela] se
dá muito bem no colégio. Os amiguinhos dela gostam muito de brincar com ela.
Até agora, a gente não tem muita dificuldade”. Ademais, Siliane Holanda
declara, “eu preferi colocar ela em uma escola comum para ela se sentir menos rejeitada”.
" Ela [Liah Gabriela] se dá muito bem no colégio. Os
amiguinhos dela gostam muito de brincar com ela. Até agora a gente não tem
muita dificuldade” (Siliane Holanda)
“Antigamente, não tinham muitos colégios que aceitavam
crianças especiais, hoje em dia, é mais comum e é obrigação da
escola aceitar”, declara Siliane Holanda. Já acerca da pouca infraestrutura que
diversos ambientes escolares possuem para atender crianças excepcionais,
a mãe afirma que “os professores, os coordenadores e os auxiliares tratam ela
do mesmo jeito. Só na hora de atividades que os professores deixam ela mais a
vontade para ela não ficar muito zangada durante a adaptação”.
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