Conceitos e significados na sigla LGBTI
30/05/2018
Às vésperas da 22ª Parada do Orgulho LBGT, o jornalista
Alvaro Leme traz ao seu canal no YouTube uma entrevista esclarecedora com o
pesquisador, mestre e doutorando Ricardo Sales. O bate-papo desmistificou de
forma simples os conceitos e significados do vocabulário aceito ou não pela
comunidade e decifraram uma das dúvidas mais comuns sobre ao tema, que é o
porque a sigla do movimento, atualmente LGBTQI, sofrer tantas mudanças e não
parar de crescer.
Atualmente a sigla LGBTQIA é a forma utilizada oficialmente
pelo programa USP Diversidade, que significa Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Transgêneros, Queers, Intersexuais e Assexuais. Sales explica que o tamanho da
sigla reflete a necessidade de identificação. “O movimento social é complexo e
este é o momento em que as pessoas estão querendo afirmar sua identidade, então
é natural que essa sigla cresça”. Contudo, o pesquisador entende a dificuldade
das pessoas utilizarem uma sigla tão grande, explica que ele usa LGBT+.
Por exemplo, Sales explica porque a letra “L” (lésbicas),
foi trazida para a frente da sigla que, quando o movimento começou a ser
oficializado, era grafada como GLS – a primeira de todas – e depois GLBT. “No
início dos anos 2000, foi compreendido que a letra “L” deveria vir para a
frente já que as lésbicas sofrem um preconceito duplo, a questão da orientação
sexual e também com o machismo. Elas são fetichizadas, elas ouvem coisas
horrorosas nas ruas quando estão com suas companheiras, recebem ofensas e
agressões nas redes sociais. Então a sigla foi alterada justamente para
pensarmos na situação mais complexa das mulheres homossexuais”.
A entrada do “Q”, que se refere à palvra de origem inglesa
“queer”, também é outro ponto de dúvidas e foi questionada pelo jornalista.
“Mais do que ser homossexual, “queer” representava uma ofensa pesada, como
“bicha” ou coisas mais ofensivas. Nos anos 80, um grupo de estudiosos e
ativistas criou a chamada “teoria queer” que problematiza a questão da
heteronormatividade”, explica o pesquisador ao falar sobre as regras que regem
o mundo heterossexual e acabam sendo impostas aos homossexuais para que sejam
tolerados pela sociedade.
A conversa continua esclarecendo e dismistificando a sigla,
por exemplo, alertando que a palavra “hermafrodita” não é mais utilizada, as
pessoas nessa condição são os intersexuais, e as diferenças entre as diferentes
orientações que estão abaixo da condição de transgêneros, como as definições de
travestis e transexuais que sempre são trazidas aos debates sobre o tema.
Identificação de gênero e a língua portuguesa
Recentemente, muitas pessoas têm adotado o “x” em
substituição às vogais que identificam o gênero, não apenas para estimular a
igualdade entre homens e mulheres, mas também para incluir as pessoas que se
consideram não-binárias, ou seja, que não se identificam totalmente como homens
ou mulheres. No entanto, é feita a advertência que essa forma de grafia tem
prejudicado os deficientes visuais já que o os programas e dispositivos de
leitura utilizados por eles não conseguem idenficar e reproduzir essas
palavras. “Resolvemos isso utilizando as próprias ferramentas que a língua nos
dá, como ‘todas as pessoas’”, sugere Sales.
Independente da complexidade do tema, o estudioso lembra que
existe algo mais importante do que saber palavras e significados. Nas
apresentações em que é convidado faz questão de destacar: “vamos passar por um alfabeto de palavras difíceis que são
importantes, mas ninguém precisa decorar nada, a única coisa que a gente
precisa decorar é ‘respeito’. Respeito que não demanda compreensão e nem
aceitação”