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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

terça-feira, 17 de novembro de 2020

RETROCESSO

RETROCESSO

Por Fabiane Rocha

Infelizmente, este ano sofremos um retrocesso nas leis de inclusão em relação  a inclusão  das pessoas com  deficiência nas escolas de ensino regular ,ou seja  ,o Presidente Bolsonaro ,no dia 01 de outubro do corrente ano assinou o decreto  que incentiva  que tenha  salas  especiais para  crianças  com atrasos de desenvolvimento ,autismo  e habilidades especiais (antigo  termo  usado para superdotado) .

De acordo com a lei Brasileira  de Inclusão da  pessoa com deficiência(LBI), Lei nº13.146,de 6 de julho  de 2015. Art.27 .A educação constitui direito da pessoa com deficiência ,assegurando sistema educacional inclusivo em todos  níveis  e aprendizado ao longo de toda vida de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais  e sociais ,seguindo suas características ,interesses e necessidades  de aprendizagem.

Parágrafo único: É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar a educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação.

Mas, infelizmente esta lei não é e nunca foi respeitada, existe apenas no papel, ainda não existe o preparo suficiente  dos professores e a motivação  em se preparar para receber os alunos com deficiências por conta da falta de recursos  e de baixo salários ,em razão disso os pais se veem obrigados a recorrer a justiça em busca de monitores  de sala  para os seus filhos  o que ainda salvava  a  inclusão meia boca .

Há muitos anos fui vítima da exclusão e do capacitismo, em 1989 uma escola particular em campo Grande convidou meus pais a me matricularem em uma escola especial, mas não aceitaram e eu continuei a estudar em escola de ensino regular, mas em outra escola onde sempre fui aceita e nunca me trataram diferente e na escola especial, só ia regredir.  

Formei-me no magistério ,convicta que faria Psicologia para defender àqueles que não tiveram a mesma oportunidade e continuo defendendo mesmo que indiretamente como influenciadora digital batalhando ,vejo como uma missão que me foi incumbida por Deus, teve mais certeza ainda na faculdade, trabalhei em uma instituição para pessoas com deficiência em que só confirmei a minha missão, mas ainda assim sofri muitos preconceitos, mas ainda acreditando que a inclusão é o melhor caminho para se desenvolver, onde todos aprendem com a diversidade e inclusão.

Na verdade, a exclusão sempre existiu para nós, o que fizeram foi só bater o martelo confirmando o retrocesso, o que não podemos é baixar  a cabeça  e aceitar isso como derrota  e sim nos fortalecer cada vez mais  e mostrar que não nos damos por vencidos. “Quando se quer dá um jeito, quando não se dá uma desculpa”. (anônimo)

 

“Todo ser Humano é capaz de se desenvolver até que seu limite prove o contrário”

Fabiane Rocha

 

BRASIL, 2015, Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm; acesso em: 23//10/2020

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/10/01/nova-politica-de-bolsonaro-incentiva-separacao-de-alunos-com-deficiencia.htm

 

 


RAZÕES PARA NÃO USAR A SIGLA PCD


 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

FRASES PRECONCEITUOSAS







 

Iury ,O primeiro estudante Surdocego a se formar na Universidade de Brasília


 

BULLYING X SURDEZ


 Bullying é um assunto complexo e cheio de nuances. Quando envolve surdez, ele invariavelmente carrega junto bastante falta de respeito. Quando temos uma deficiência, demoramos muito tempo até aprender o que é desrespeito, o que é ofensa, o que não é e como devemos nos posicionar em cada situação.

Já ouvi muita piada na vida sobre a minha surdez, e aposto que vocês também. Quem nunca teve que ouvir coisas como “Surdo que nem Fulano (você)”, “O(a) surdinho(a)”, “Tem audição seletiva”, “Só ouve o que quer”, “Desligou o aparelho pra não ouvir isso” que atire a primeira pedra…

BULLYING X SURDEZ

Sou uma pessoa muito bem resolvida com o assunto surdez, mas é claro que tem um LIMITE. O meu é simples: se você não tem intimidade comigo, se não frequenta a minha casa e não está no meu círculo de amigos, você NÃO TEM direito algum a fazer QUALQUER tipo de piada sobre a minha surdez.

Com a minha família e meus amigos próximos, meu nível de tolerância é bem alto. Se uma amiga me diz “Que inveja que você pode desligar seus implantes!” ou algo assim é lógico que vou rir junto. Agora, se alguém que vi duas vezes na vida falar qualquer coisa metida a engraçada ou grosseira sobre minha deficiência auditiva na minha frente, só lamento. Quem fala o que quer, ouve o que não quer.  🙂

SABE O QUE É PIOR?

As pessoas fazem gracinha e na maioria das vezes acham que estão sendo super divertidas ao fazer isso. De onde elas tiram essa liberdade é que eu gostaria de saber. Pra cima de mim, não!

Há pouco tempo atrás alguém com quem tenho intimidade zero deu a entender que eu deveria ir a um local extremamente barulhento e chato ao qual ninguém queria ir porque ‘eu poderia desligar os meus implantes‘ em tom irônico e rindo. Na hora eu dei um sorriso amarelo por falta de alternativa, mas ao chegar em casa não consegui parar de pensar: “quem diabos essa criatura pensou que era pra me dizer algo assim?”

Já que para gente sem noção nós precisamos desenhar a ofensa, vamos lá: dizer para alguém que não ouve para ir a um local barulhento porque não vai ouvir nada é o mesmo que mandar um cadeirante para uma fila de cem pessoas porque ele vai ficar sentado e não vai cansar. Alguém avisa…

O QUE A SURDEZ ENSINA?

A surdez nos ensina que ou você aprende a rir de si mesmo, ou vai chorar muito. E a minha surdez me ensinou uma lição importante: EU escolho com quem quero rir a respeito das situações tragicômicas que ela me traz.

Não faça piada da minha surdez pelo simples fato de que você não sabe o que é ser surdo. Você não sabe tudo o que eu precisei passar ao longo de 35 anos para conseguir rir da minha situação. Você não sabe quantas vezes eu chorei muito sozinha após ouvir piadas e gracinhas relacionadas à deficiência auditiva. Você não sabe o quanto dói ser sempre a pessoa diferente. A pessoa que não ouve, ou que ouve mal, ou que ouve e não entende. Você nada sabe das minhas dores, dos meus traumas e das lágrimas derramadas em função da surdez.

E se você sabe algo sobre a minha trajetória, sobre a estrada percorrida para chegar num patamar de conforto emocional em ter uma deficiência, você terá a sensibilidade necessária para não rir, mesmo que com boa intenção, de algo que é um fardo pesado de carregar.

Tem uma frase da Elis Regina que eu adoro: “Só vai tomar champanhe comigo quem comeu grama comigo“. Dá para adaptar para esse caso, não? Só vai rir comigo das tragicomédias da minha surdez quem viveu pelo menos algumas delas comigo.

UM PEDIDO ENCARECIDO

Não faça piada da minha surdez, porque não tem graça nenhuma. Obrigada! 🙂

https://cronicasdasurdez.com/bullying-surdez