Por Dino
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dez 2017, 08h12
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O
Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado no próximo dia 3 de
dezembro, foi instaurado pela Organização das Nações Unidas com o intuito de
garantir os direitos das pessoas com deficiência e gerar uma reflexão sobre os
avanços, retrocessos e necessidades nas diferentes esferas de uma sociedade
inclusiva. E, apesar do progresso em vários aspectos, a inclusão no mercado do
trabalho ainda é uma área que precisa de melhorias.
De
acordo com o estudo recém-lançado pela i.Social, consultoria especializada na
inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, em parceria com a
Catho, ABRH Brasil e ABRH-SP, a Lei de Cotas ainda aparece como o principal
motivador para os postulantes com deficiência na hora da contratação.
Ela
é indicada como o principal instrumento de inclusão por 79% das pessoas com
deficiência, 88% dos profissionais de RH e 74% das lideranças.
Este
cenário indica que a contratação de pessoas com deficiência é motivada
prioritariamente para cumprimento da legislação. Somente 5% dos profissionais
de RH afirmaram que contratam profissionais com deficiência porque acreditam em
seus potenciais ou porque valorizam a diversidade.
Para
Jaques Haber, sócio da i.Social, esses dados apontam para o principal desafio
do processo de inclusão: “A pesquisa demonstra que a questão cultural é a maior
barreira para aprimorar o processo de inclusão de pessoas com deficiência no
mercado de trabalho. Ainda falta muito conhecimento sobre o potencial desses
profissionais. O foco está voltado apenas para suas limitações.”
Segundo
Haber, “o processo de inclusão deveria ser iniciado pelo entendimento e crença
de que a diversidade no ambiente de trabalho é enriquecedor para a empresa,
gerando resultados concretos e não apenas ajudando na imagem institucional.
Além disso, já existem soluções em tecnologia assistiva para diminuir ou
eliminar as limitações provenientes das deficiências nos ambientes de trabalho,
permitindo que o profissional seja contratado por suas qualificações e não por
sua deficiência”.
Estas
tecnologias são itens, equipamentos ou produtos usados para desenvolver as
habilidades funcionais das pessoas com deficiência, podendo ser uma bengala ou
mesmo um sistema computadorizado.
Elas
se tornaram um pré-requisito para que os profissionais executem suas tarefas
diárias com mais qualidade, seja no que diz respeito a otimização do tempo,
mais rapidez/possibilidade na comunicação ou maior acesso as informações por
meio da internet. As tecnologias trazem mais autonomia ao usuário e ajudam a
diminuir possíveis atritos neste cenário.
Andrea
Schwarz, presidente da i.Social e consultora em inclusão socioeconômica de
pessoas com deficiência, complementa: “Eu, como cadeirante, fico em desvantagem
em relação a outros profissionais quando o ambiente não conta com rampas ou
banheiros acessíveis. Um profissional cego não consegue trabalhar se a empresa
não oferecer um software de leitor de tela e um surdo não poderá desempenhar
corretamente seu trabalho se ele não tiver ferramentas para facilitar sua
comunicação, que podem variar de um chat na intranet até um serviço online de
intérprete de libras. Ao deixar de oferecer as tecnologias assistivas
necessárias para o profissional com deficiência, a empresa o coloca em
desvantagem e potencializa as limitações. Seria o mesmo que não fornecer um
computador ou determinados softwares para todos os demais funcionários da
equipe.”
O
estudo também demonstra uma incongruência: enquanto na visão dos profissionais
de RH e suas lideranças a acessibilidade, o ambiente de trabalho sensibilizado
e um programa de inclusão estruturado são os fatores de maior atratividade para
o trabalhador com deficiência, esses mesmos candidatos dizem que as principais
atratividades para a vaga são outras: salário (20%), plano de carreira (18%) e
o pacote de benefícios (15%).
Andrea
afirma que esta diferença entre as perspectivas evidencia a necessidade de uma
comunicação mais integrada para a melhoria dos processos: “Para mudar o cenário
da empregabilidade das pessoas com deficiência, é preciso uma mudança na
mentalidade das empresas. A adoção de hábitos simples, como conversar com os
funcionários com deficiência, bem como com os candidatos, é essencial para
alinhar essas expectativas e construir um ambiente de trabalho inclusivo que
valoriza a diversidade e oferece igualdade de oportunidades para todos”.
Segundo
ainda a consultora em inclusão, a pesquisa conduzida pela i.Social dá voz às
pessoas com deficiência: “Enquanto os principais impactados não forem ouvidos,
não teremos melhorias significativas no processo de inclusão”.
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