E o primeiro passo é entender que não somos iguais, somos
plurais.
ENQUANTO FORMOS IGUAIS, SEREMOS CAPACITISTAS
7 de maio de 2020
#PraTodosVerem: Na imagem está a representação de inúmeras
pessoas de diferentes etnias, cores, raças, orientações sexuais e deficiências.
A imagem representa diversidade. Foto: Internet/Divulgação
É comum você ver pessoas com e sem deficiência, blogueiros,
influencers, autoridades de todas as esferas alegarem “precisamos lutar
pela igualdade”. Parece uma luta simples, mas ao mesmo tempo muito
genérica, afinal somos iguais?
Talvez a igualdade nascera de um sonho, de uma sociedade
melhor, mais justa e onde todos seriam livres para ser quem são. Mas, o
que ela não considerou foi a ideia de pluralidade seja de corpos, pensamentos e
ações.
Apesar de muito usada, a palavra igualdade não passa de
utopia, pelo simples fato de que todos os dias estamos mudando, se
transformando, renascendo. Mesmo que a gente não perceba, todos os dias
milhares de processos celulares transformam nosso corpo, informações novas
transformam nossa forma de ver as coisas, situações novas transformam nossas
experiências anteriores, por isso, sonhar com uma sociedade igual não
só é impossível, como soa até um pouco preguiçoso.
Digo preguiçoso pelo fato de que é preciso refletir sobre
termos e formas com a qual buscamos nossos objetivos, talvez lá no começo, em
um mundo cercado de desigualdades, buscar a igualdade era um ato de humanidade,
mas esse exercício não pode valer para sempre.
A sociedade mudou. Tornou-se mais complexa, exigente e no
auge tecnológico busca raízes cada vez mais humanas. Com isso, a necessidade de
rever, atualizar e reconstruir conceitos é fundamental diante da sociedade
plural que está diante de nós.
A partir disso, pensar e alimentar o conceito de igualdade,
torna-se sim um exercício de preguiça, visto que cada dia somos mais
diversos. E para explicar isso, eu sempre uso a parábola dos irmãos
gêmeos, pois são idênticos na aparência, mas totalmente diversos nos
pensamentos e ações. Assim pensar em igualdade é aceitar que nos
coloquem em uma massa homogênea, na qual todos temos as mesmas necessidades e
anseios. E isso além de errado, é excludente, ou seja, desigual.
Mas como vencer a desigualdade sem promover a
igualdade? Apostando em justiça social e equidade. Conceitos
que não nos nivelam, mas nos dão suporte conforme nossa necessidade, ou seja,
avalia-se os casos e define-se a melhor estratégia para que cada ser em seu
ambiente possa mudar sua condição.
Nesse mesmo cenário entra o capacitismo, pois não vamos
combate-lo com o discurso “somos iguais”, e sim, com o discurso “somos
diversos”. Assim quebramos o paradigma que nos acorrenta a diversos
conceitos de incapacidade, preconceitos e estigmas sociais que essa massa
homogênea carrega e não sabe como lidar.
Um dos primeiros passos para vencer o capacitismo é
entender, aceitar e apoiar a diversidade de corpos, pensamentos e
possibilidades que uma pessoa com deficiência pode apresentar.
Mas, se continuarmos a simplesmente gritar “somos todos
iguais”, e manter essa inércia intelectual ou preguiça de entender a
diversidade, continuaremos sendo capacitistas, e no máximo integrando quando
deveríamos estar incluindo.
A luta contra o capacitismo é longa, e precisamos ir aos
poucos, nosso principal desafio é identificar as ações capacitistas. Existe um
pensamento que diz mais ou menos o seguinte “só vamos vencer o racismo se
identificarmos os racistas”, e vale o mesmo para o capacitismo, pois como
vencer um inimigo invisível e onipresente? Identificando-o, mapeando-o e
educando para que essas práticas sejam eliminadas da sociedade.
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