A
solidão da pessoa com deficiência
(Patrícia Lorete / Pós - graduada em Saúde Mental)
(Patrícia Lorete / Pós - graduada em Saúde Mental)
A
estrutura social, desde sempre, segregou as pessoas com deficiência, privando-as
do pleno exercício dos seus direitos. A falta de (re)conhecimento da capacidade
dessas pessoas produz - E reproduz! - exclusão e faz com que a deficiência seja
considerada um problema para a sociedade. A falta de promoção na interação das
pessoas com e sem deficiência e de conscientização coletiva nas áreas de
urbanização, acessibilidade, saúde, educação, trabalho, esporte e cultura ficam
em 2º plano (Ou seria em 3º?). Por isto, o investimento real, significativo,
para este público é mínimo e a inclusão não acontece efetivamente.
Inúmeras
pessoas com deficiência estão agora em suas casas vivenciando uma profunda
sensação de vazio. Esta sensação é fruto de uma situação específica: o
isolamento. A solidão por ele causada vem acompanhada de um sentimento penoso
de tristeza, carência e desamparo, o que traz à pessoa isolada um gigantesco
sofrimento psicológico. Existe a vontade de passear, namorar, estudar, mas os
meios para a realização dessas atividades são extremamente difíceis!
Dizem
que após o surgimento da internet ninguém mais está de fato isolado. É, não há
como negar que as influências tecnológicas, as redes sociais, diminuíram a
solidão e criaram certo “contato”. No entanto, ao conversarmos com as pessoas
com deficiência, quase todas, senão todas, dirão que gostariam de ter uma vida
“mais real”, que sentem falta do toque, do olhar, do cheiro e confessam que em
vários momentos se cansam de estar em frente à tela do computador o dia
inteiro. Mas, infelizmente, a internet passou a ser a única companhia possível
para elas.
E,
não devemos desconsiderar um agravante relacionado à rede, a vulnerabilidade
emocional. Como o processo de relacionamento se encontra prejudicado por causa
do rompimento ou diminuição do contato humano, há a possibilidade de inúmeros
problemas. Pois, na ânsia de desfrutar de companhia, muitos aceitam qualquer
migalha de afeto e acolhimento. E, assim, abre-se um ótimo espaço para
relacionamentos amorosos tóxicos, amizades oportunistas e empregos não
condizentes com a qualificação e, muitas vezes, com pagamento inferior ao das
pessoas sem deficiência, pelo mesmo trabalho prestado. E o pior acontece quando
estes “laços” se rompem! A pessoa com deficiência tende a achar que a culpa é
sua e cada vez o isolamento intensifica-se.
Talvez alguém se pergunte: Qual o
problema de se isolar e querer a solidão? Eu respondo. Nenhum, afinal, a
solidão é uma característica existencial. Mas para ser vista como positiva,
precisa ser fruto de escolha, e não de imposição. E é, justamente, pela imposição
- da sociedade - que a maioria das pessoas com deficiência vivencia esta
condição. Escolher estar só gera prazer! A pessoa tem sua própria companhia e
gosta desta “cumplicidade”. Já, estar sozinho, forçadamente isolado, gera
frustração, angústia e sensação de abandono. Todo ser humano é um ser gregário
e, quando a possibilidade de contato com o outro é negada, há muito sofrimento,
e a situação torna-se desumana.
O
desenho mostra uma moça cadeirante. Ela usa blusa (tipo vestido), meia 3/4 e
botas. Está de cabelo solto e usa um arco rosa. Uma de suas mãos está no rosto
e sua expressão é triste. A cadeira é preta e rosa.
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