Pessoas
com deficiência (PCD) ou Empresas com deficiência (ECD)?
"
"Todos
somos deficientes no sentido de conseguir realizar tarefas ou possuir competências.
Ou você conhece alguém que consegue realizar toda e qualquer atividade?”
Trago
neste artigo algumas reflexões sobre a importância de pessoas com
deficiência nas empresas, bem como a obrigatoriedade da contratação
desses profissionais.
Inicio
apontando a importância da existência de cotas de profissionais com
deficiência: nunca me senti discriminado em entrevistas ou dinâmicas de
processos seletivos, mas sei também que os recrutadores preconceituosos possuem
uma vasta quantidade de artimanhas para esconder suas reais opiniões e o seu
real olhar sobre profissionais deficientes.
Em
um segundo momento, façamos a reflexão sobre a inclusão de profissionais
deficientes nas empresas. Juntando todas as conversas informais que fiz a
respeito do assunto ao longo de minha vida e carreira profissional, cheguei à
conclusão de que somos agentes naturais, pela própria condição física e/ou
psíquica diferenciada, de mudanças.
A
própria existência do profissional deficiente dentro de uma empresa quebra
diversos tabus de uma sociedade que, há não muito tempo, escondia e se
envergonhava destas pessoas e que ainda carrega este estigma em sua cultura.
Quando o profissional com deficiência mostra suas competências com o
desenvolvimento suas atividades rotineiras – com adaptações ou não –, ele se
torna um agente de quebras de paradigmas que estão muitas
vezes incutidos no inconsciente de quem o observa.
Eu
demonstro essa ideia quando recebo perguntas sobre competências que não têm
quaisquer interferências de minha deficiência. Faz algum sentido perguntar para
uma pessoa que não possui um braço se ele consegue jogar futebol? Parece
incabível escrevendo nesse artigo, mas quando escuto esse tipo de pergunta,
vejo que as pessoas ainda possuem esse tipo de dúvida sobre o desempenho de
profissionais com deficiência e, inclusive, sobre suas próprias competências.
Através
da própria estimação “profissional com deficiência”, os profissionais “sem
deficiência” passam a enxergar suas deficiências. Parece contraditório, mas
afirmo isso, pois todos, sem exceção, somos deficientes no sentido de
conseguir realizar tarefas ou possuir competências. Ou você conhece alguém
que consegue realizar toda e qualquer atividade?
Essa
constatação é de extrema importância para mudanças, pois o primeiro passo para
se transpor uma barreira, uma deficiência ou um problema é admitir sua
existência. O profissional com deficiência naturalmente faz seu “observador”
dar o primeiro passo para uma mudança que o fará um funcionário melhor,
admitindo para si uma barreira, uma deficiência ou um problema.
Lógico
que essa visão otimista dependerá da forma como a equipe e a empresa enxergam
esse profissional. Uma empresa que contrata apenas para cumprimento de cotas
aponta um forte indício que este profissional não será um agente de mudança e
poderá, inclusive, transformá-lo num agente de inalterabilidade de seus
funcionários. Dentro de uma realidade de competição e constantes mudanças de
mercado, é um “tiro no pé”, ou seja, uma mostra do quão essa empresa é
uma Empresa com Deficiência.
O
texto acima foi publicado originalmente no LinkedIn Pulse pelo Engenheiro
de Materiais Maurício Lordello Cortez. A opinião expressa no artigo não condiz
necessariamente com a opinião da i.Social. Acesse o artigo original diretamente
neste link: Empresa com Deficiência (ECD).
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